quarta-feira, 29 de setembro de 2021

XII MCN - Ana das Carrancas é a homenageada do mês de setembro

 


 A homenageada do mês de Setembro é a ceramista Ana das Carrancas, grandiosa artista pernambucana que ficou conhecida internacionalmente com suas esculturas feitas do barro retirado das margens do Rio São Francisco, em Petrolina.

Ana Leopoldina Santos nasceu na zona rural de Ouricuri – PE em 18 de fevereiro de 1923, e aprendeu o ofício de moldar o barro ainda criança com sua mãe, Maria Leopoldina dos Santos que produzia caqueiros, moringas, panelas e brinquedos, além de outros objetos de artesanato comuns pelo sertão nordestino. A venda dos itens artesanais era o que mantinha a renda da família.

No início da década de 1930, sua família muda-se para Picos, no sertão do Araripe no Piauí. Por lá, a jovem Ana casou-se duas vezes e teve três filhas – Ana Maria, Maria da Cruz e Ângela Aparecida, sendo que as duas últimas são ceramistas. Por volta dos anos 1950, em decorrência dos longos períodos de seca, falta de emprego e dificuldades com a venda das peças, a família decide-se mudar para Petrolina, um dos maiores centros urbanos nordestinos na época. Ana Louceira ou Ana do Cego, estava começando a ser das Carrancas ao ser sempre vista com seu marido na beira do rio para tirar o barro bruto, próximo a embarcações que entornavam-se de cabeças de madeira, em formatos de animais e antropomorfos.

Nos anos 1960, Ana criou suas primeiras gângulas, “uma pequena embarcação em cerâmica, semelhante a um vaso de médio porte acompanhada de uma carranca em sua proa” (GUALBERTO, 2017). A criação fez as vendas aumentarem. Suas criações maiores que ficavam expostas na feira criavam certo espanto entre o público. Talvez porque a forma de suas criações diferenciavam-se das que existiam, feitas de madeira e com formas mais fantasiosas. As primeiras carrancas surgiram por volta de 1963, quando foi descoberta por técnicos da Fundarpe - Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – sendo desta época a sugestão da inauguração da Biblioteca Municipal de Petrolina, cujo em sua inauguração, foram distribuídas as gângulas de Ana das Carrancas como uma “lembrança”. Com o sucesso, passou a ser convidada para outras feiras e exposições, e suas criações começam a variar e encantar cada vez mais. A marca das digitais de Ana em suas Carrancas entoam a realização do mito, a força criativa pela sobrevivência e o valor da ancestralidade. Sua obra e trajetória contam a história da cidade, da região e do país.

Durante a década de 1990, Ana das Carrancas recebeu vários prêmios e reconhecimentos, e em 2006 foi uma das primeiras artistas a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Ana das Carrancas faleceu em 01 de outubro de 2008, aos 85 anos, em Petrolina. Seu nome segue uma referência nacional, nomeando diferentes espaços públicos.

Viva nossa Dama de Barro! Salve Ana das Carrancas!



Autoria: Ana Luiza Souza Jesus

Fonte: GUALBERTO, Tiago. Ana das Carrancas, a Dama do Barro. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2017. Disponível em: <http://www.museuafrobrasil.org.br/docs/default-source/publica%C3%A7%C3%B5es/gualberto-tiago-ana-das-carrancas.pdf?sfvrsn=0>. Acesso: 28 set 2021

Fonte das imagens:

Imagem do card 1: Centro Cultural Ana das Carrancas/Reprodução

Imagem do card 2: Imagem retirada da matéria “Meu sangue é negro mas meu coração é de barro”, escrita por Rafael Cerqueira – UFRB. Disponível em: https://ufrb.edu.br/publicidadeepropaganda/images/adverso/diariodebordo/materia_rafael_2.pdf

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